Temporada 2015 de raias gigantes no Brasil foi a terceira maior da história

Créditos: Leo Francini/Mantas do Brasil
Equipe do Projeto  monitora toda a costa do Brasil

Com 23 novos registros de raias mantas (Manta birostris), o Brasil teve a terceira melhor temporada de pesquisa sobre o gigante do mar (atrás apenas de 2007 e de 2014, com 29 registros cada). A maior parte dos animais foi encontrada na costa do Litoral de São Paulo, entre a Ilha da Queimada Grande e no Parcel Dom Pedro II, ambos pertencentes a Itanhaém.

O levantamento foi feito pelos pesquisadores do Projeto Mantas do Brasil, que monitora a espécie na costa do País. A iniciativa tem o patrocínio oficial da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e patrocínio da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), administradora do Porto de Santos.

Até então desconhecido sobre a ocorrência de raias mantas, o Parcel Dom Pedro II foi o local onde os mergulhadores do Projeto fizeram o maior número de encontros. Trata-se de uma formação rochosa escondida abaixo da linha d'água, localizada a aproximadamente 20 quilômetros de distância da costa. O local é popular entre pescadores.

Por meio de colaboradores do Projeto, foram também registrados 3 novos animais em Guarapari, no Espírito Santo.

De acordo com o coordenador de pesquisas do Projeto Mantas do Brasil, biólogo Leo Francini, as descobertas ampliam o espaço de pesquisa sobre o animal no Brasil e, por isso, tais localidades deverão ser incluídas na área de estudos nas próximas temporadas.

A raia manta - um gigante marinho que pode atingir 8 metros de envergadura e pesar 2 toneladas - migra pelo litoral a cada inverno.

A maior raia manta

"Cada indivíduo registrado faz muita diferença para nossa pesquisa, e com certeza, esses 23 indivíduos contam muito para o enriquecimento de nossos trabalhos de pesquisa e conservação", explica Francini. Cada animal localizado é identificado por meio das manchas ventrais, que funcionam como a digital humana e, portanto, são únicas.

Além da localização dos pontos inéditos na observação das raias mantas, esta temporada contou também com o registro da maior raia manta da costa brasileira: 6,5 metros da ponta de uma asa à outra (tamanho equivalente a dois carros populares). "Encontrar um animal tão grande não é comum. Essa, em particular, tinha muitas marcas de redes de pesca no dorso".

Todos os registros estão sendo catalogados no Banco Brasileiro de Mantas (BBM), que pode ser acessado pelo site www.mantasdobrasil.org.br. A plataforma virtual é colaborativa e pode receber registros de mergulhadores profissionais e amadores que eventualmente se depararem com uma raia manta em um mergulho.

Créditos: Leo Francini/Mantas do Brasil
Pesquisadores conseguiram registraram 23 novas raias mantas ao longo da temporada 2015 pela costa brasileira



Preservação

O trabalho dos pesquisadores, mergulhadores e voluntários do Projeto Mantas do Brasil acontece em razão do risco de extinção da raia manta. Pescar, embarcar ou comercializar a espécie, no Brasil, é crime ambiental desde 2013 e o flagrante pode ocasionar a prisão do infrator.

O comércio não é proibido apenas no Brasil, mas internacionalmente. “Além do baixo valor comercial da carne e de seu consumo ser pouco saudável, são animais que correm o risco de extinção em todo o mundo, inclusive no País", explica a coordenadora do Projeto, Ana Paula Balboni Coelho, que observa a espécie há 15 anos.

Esse gigante marinho integra a megafauna carismática brasileira. São animais inofensivos aos humanos (não possuem ferrão), que geram mais valor econômico estando vivos, do que mortos. O turismo de mergulho atrai recursos todos os anos e de forma crescente. Além do que, a observação turística gera recursos perenes, pois os mesmos animais têm o potencial de serem avistados ao longo de décadas.

Créditos: Leo Francini/Mantas do Brasil
Projeto Mantas do Brasil tem patrocínio oficial da Petrobras e patrocínio da Codesp

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