Banco brasileiro de raias gigantes é apresentado para cientistas internacionais

O Banco Brasileiro de Mantas (BBM), plataforma colaborativa que registra a ocorrência de raias mantas (Mobula birostris) na costa do país, foi apresentado no Sharks International Conference, que reuniu mais de 500 pesquisadores em junho, em João Pessoa, na Paraíba.  O evento é referência mundial no estudo de raias e tubarões junto à comunidade científica.

O BBM foi criado e é administrado pela equipe do Projeto Mantas do Brasil, que tem patrocínio da Petrobras e da CODESP (Porto de Santos). A iniciativa é pioneira na América do Sul para o estudo da espécie, que está ameaçada de extinção. A raia manta pode atingir até 8 metros de envergadura e pesar, aproximadamente, 2 toneladas.

O coordenador de pesquisas, o biólogo e mergulhador Léo Francini, representou o projeto na ocasião. "Fizemos um funcionamento do banco de dados online, a importância do compartilhamento de informações e o uso da ciência cidadã, principal aliada no nosso trabalho diário, para obtenção de informações científicas".

No BBB é possível consultar os animais por meio de filtros de pesquisa, por data de avistamento, sexo, coloração, tamanho estimado e até mesmo pelas características das manchas ventrais que distingue um animal dos outros. Além de ser atualizado pela equipe do projeto, ele também recebe dados de mergulhadores colaborativos, capacitados por meio do Curso Cidadão Cientista.

Todo e qualquer mergulhador pode contribuir para o Banco Brasileiro de Mantas. Basta que ele faça uma foto ou filme o ventre (região abdominal) da raia avistada, uma vez que as manchas localizadas nessa região funcionam como as digitais humanas. Para compartilhar as imagens, é preciso que ele faça um cadastro no site do projeto.

A consulta à plataforma é livre. Até junho, 158 animais já tinham sido catalogados no banco, inclusive a raia manta batizada de Ganme, identificada e registrada depois de ter sido filmada há 30 anos no entorno do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, um santuário localizado a 40 quilômetros da costa paulista.

Além de ações voltadas à educação ambiental, o projeto também realiza a capacitação gratuita de mergulhadores, profissionais ou amadores, para realizarem a fotoidentificação de cada indivíduo da espécie durante encontros subaquáticos com as raias gigantes, visando aumentar os dados disponíveis no Banco de Mantas.

Segundo a organização o evento, três grupos científicos dedicados à pesquisa dos elasmobrânquios uniram-se para a realização da terceira edição Sharks International Conference: a Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios (SBEEL), a American Elasmobranch Society (AES) e a Fundação Squalus, da Colômbia.

Além do painel sobre o Banco Brasileiro de Mantas, a oceanógrafa Nayara Bucair, em parceria de pesquisa com o Projeto Mantas do Brasil, analisou os dados na plataforma e apresentou um um pôster com informações sobre a pesca acidental e intencional da raia manta na costa brasileira. O evento aconteceu entre 3 e 9 de junho.

 

 


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